Neste mundo, você pode dar seu coração para alguém, quando faz isso, se forma um buraco em seu peito que só pode ser preenchido por outro coração, de forma física.
Grande parte dos casais que estão a muito tempo juntos, trocam de coração, quando não querem casar, mas também existem as pessoas que dão o coração e não recebem outro de volta.
Alguns acreditam que isso não existe, que as pessoas que não tem coração, jogaram seus corações fora, afinal, como alguém iria ficar com dois corações do peito e outra pessoa sem nenhum?
-Deku, coloca as cadeiras lá fora, por favor? - disse Uraraka, sua chefe e melhor amiga, enquanto andava de um lado para o outro, cheia cardápios, colocando um em cada mesa.
-Beleza Ochaco, só vou terminar de arrumar os salgados e já vou! - Ele fala, terminando de colocar os enroladinhos na prateleira.
-Tá bom, só não demora, que já vamos abrir!
Ele e a garota se conheceram na faculdade e não conseguiram se separar mais. A garota com cabelos curtos era engraçada e sempre acolhia ele quando algo acontecia de errado. Ele acompanhou toda a trajetória dela, desde seu primeiro estágio, até o dia em que ela conseguiu abrir a cafeteria em que trabalhava.
Mesmo gostando muito da amiga e dos outros funcionários - que acabaram virando seus amigos também - Izuku ainda sentia um vazio, quando ele saia da loja, parecia que seu mundo todo ficava sem cor. Quando seu ex-namorado foi embora, junto com seu coração, levou todas as suas paixões e sonhos.
O garoto de cabelos verdes não era o único apressado. De uma forma um pouco diferente, a duas atrás de onde ele trabalhava, um homem de cabelos loiros espetados, dava socos na buzina.
-SE FOR PRA ANDAR NESSA VELOCIDADE, VAI A PÉ, FILHO DA PUTA! - Deu outro soco na buzina, com toda a força que tinha. Ele só estava contribuindo para aquele som maravilhoso de 7 horas da manhã, o som do apocalipse.
Machucou toda a mão e no final, não serviu de nada, andou duas quadras e o semáforo ficou vermelho. Ele já sabia que estava atrasado e não tinha mais nada que pudesse fazer, que iria adiantar seu tempo. Quando finalmente se acalmou, reparou em uma cafeteria que nunca tinha percebido.
O verde oliva do estabelecimento combinava com a porta de madeira, com as tulipas e lavandas postas em vasos na janela.
Quando o semáforo ficou verde, outra coisa verde apareceu, naquele café, um garoto saiu da loja, com duas cadeiras rústicas nas mãos. Por um momento, seus olhares se cruzaram e ele sentiu uma fisgada no coração forte.
-Bom dia Jirou, tem alguma reunião marcada para hoje? - Ele falou ao chegar na empresa.
-Eae Kat, tem uma reunião marcada para as 4 horas com o Sr. Yagi.
-Ah sim, valeu! - Jirou já não o olhava, estava muito concentrada dando orientação para a garota que estava na sua frente.